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10 de novembro de 2022 Agência ABEEólica

Municípios com parques eólicos instalados no Rio Grande do Norte deram um salto nos últimos anos em geração de riquezas, empregos e criação de negócios. Para que os benefícios econômicos ajudem a alavancar também indicadores sociais, entretanto, políticas públicas e atenção à gestão são consideradas fundamentais.

As conclusões fazem parte da análise “Impactos Socioeconômicos da produção de energia eólica nos municípios do Rio Grande do Norte”, apresentada em primeira mão nesta terça-feira (8), durante o Fórum de Energias Renováveis, promovido pela Comissão Temática de Energias Renováveis (COERE), da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), em conjunto com o SENAI-RN e o SEBRAE.

O trabalho foi desenvolvido pelo MAIS RN – Núcleo de Gestão Estratégica da FIERN – a pedido do SENAI.

Foram analisados 10 municípios, que concentram 76% da geração eólica no estado e 84% dos parques. A lista inclui Areia Branca, Bodó, Guamaré, João Câmara, Parazinho, Pedra Grande, São Bento do Norte, São Miguel do Gostoso, Serra do Mel e Touros.

O objetivo foi identificar se a instalação dos empreendimentos influenciou indicadores socioeconômicos nessa região, considerando especialmente os anos 2005, 2015 e 2020 – apresentados como marcos de antes do início das atividades do setor eólico, da fase de transição e da instalação e operação da atividade econômica no conjunto dos municípios estudados.

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RESULTADOS

Em números, os dados revelam que o Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas geradas na economia, cresceu a uma taxa média de 70% na área em análise, acima da média do estado — estimada em 54%.

A partir do ano 2010, ou seja, após o primeiro leilão de energia eólica, realizado em 2009, o crescimento no conjunto dos 10 municípios chegou a ser quase o dobro do verificado nas demais regiões potiguares. O PIB per capita também avançou.

Com relação aos empregos com carteira assinada e às receitas públicas, a taxa de crescimento também supera a média estadual nos municípios com atividade eólica. O número de estabelecimentos comerciais aumentou, em um contexto em que milhares de negócios fecharam as portas em outras áreas do estado.

“O estudo reconhece com números, com dados medidos, que essa cadeia produtiva tem feito a diferença no ambiente econômico em que se instala. Ele mostra um real e importante impacto econômico nos municípios. Se verifica claramente a oportunidade de transformação desses benefícios econômicos em benefícios sociais. E a sociedade espera que esse segundo passo aconteça”, diz o diretor do SENAI-RN, Rodrigo Mello, em referência a outra conclusão da análise: indicadores sociais, como educação e saúde, não tiveram um comportamento homogêneo entre os municípios. Em alguns deles houve melhorias. Em outros, os indicadores se comportaram abaixo da média.

“TRANSFORMAÇÃO SOCIAL”

“Os benefícios econômicos das atividades eólicas são evidentes, enquanto os sociais são reflexo de políticas públicas”, observa a análise do MAIS RN, frisando que “aqueles municípios capazes de se planejar e aproveitar o impulsionamento vivenciado em suas localidades terão capacidade de realizar uma transformação social”.

Pedro Albuquerque, gerente do Centro de Economia e Pesquisa da FIERN, apresentou os dados no Fórum, destacando que “a eólica se espraia para outras cadeias produtivas e que os benefícios econômicos não ficam restritos à etapa de construção dos parques”. “Os benefícios se propagam pelo tempo. O que precisa ser analisado é o que os municípios que melhoraram fizeram. A eólica é uma janela de grandes oportunidades. Então como aproveitar esse momento para ter realmente um legado?”, disse ele.

José Bezerra Marinho, coordenador do MAIS RN, complementou no painel em que foi apresentada a análise: “O futuro é promissor dependendo do que a gente vai fazer com ele. Os Megawatts crescendo não significam nada se o ser humano não for o valor supremo de tudo isso”.

Questões de gestão, observou ainda Marinho, precisam ser “consideradas na sua real dimensão e resolvidas” para que o desenvolvimento seja realidade. Questões como “o que estamos fazendo com todo esse potencial energético e com toda essa tecnologia, e como estamos encaminhando isso na vida das pessoas”, frisou, precisam ser objeto de reflexão.

“Há a tendência de as pessoas acharem que o problema é da prefeitura, do governo, mas não, as responsabilidades precisam ser compartilhadas. É preciso haver uma oposição vigilante, mas também é necessário haver ajuda. É preciso olhar o Rio Grande do Norte na perspectiva do que somos capazes de fazer para alterar o futuro de quem ainda não nasceu”.

Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN, ressaltou sobre as conclusões que a análise traz que “municípios pobres, de baixo Índice de Desenvolvimento Humano estão tendo oportunidades de emprego e de geração de novos negócios, por exemplo, e que as empresas do setor de energia eólica têm dado exemplo de investimentos sociais dentro do possível e do que está nas mãos delas”. “Mas a gente precisa de mais. Políticas públicas são fundamentais para que benefícios cheguem e sejam transformados em legado, para que esse legado que passa a existir possa a médio prazo trazer reflexos sociais”, acrescenta.

 

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