Os bons ventos brasileiros e as mulheres no setor de energias renováveis
Eu tive a honra de receber, no dia 29 de junho, o prêmio “C3E – Clean Energy Education & Empowerment – Woman of Distinction Award”, que foi entregue durante o evento “Clean Energy Ministerial”, realizado em Vancouver, no Canadá. O C3E foi entregue pela primeira vez e é uma iniciativa internacional do Clean Energy Ministerial e da Agência Internacional de Energia. A premiação reconhece e homenageia mulheres profissionais que se destacam na indústria de energias limpas no mundo, pela excelência em áreas como liderança, política, defesa da fonte, avanço técnico, entre outros fatores, contribuindo para o avanço das mulheres no setor. O Clean Energy Ministerial, do qual fazem parte 25 países e a Comissão Européia, é um fórum global de alto nível para promover políticas e programas que façam avançar a tecnologia de energia limpa, compartilhando as lições aprendidas e as melhores práticas e incentivando a transição para uma economia global de energia limpa.
Foi uma grande honra receber este reconhecimento, pois a luta e a defesa da energia eólica é algo que faço com a mais profunda dedicação e faço isso de corpo e alma há mais de dez anos. Defender a energia eólica é, ao mesmo tempo, uma tarefa árdua e fácil. É um paradoxo com o qual lido desde o início. Foi uma tarefa árdua, especialmente no início, porque tivemos que batalhar muito no Brasil para convencer governo, empresários e sociedade de que esta era uma boa opção e de que era viável financeiramente. E tem sido, ao mesmo tempo, algo fácil porque os benefícios da energia eólica facilmente se espalharam a olhos vistos pelo Brasil, especialmente em áreas mais carentes de recursos, como o Nordeste, onde a natureza colocou os nossos melhores ventos. Todos que conseguem olhar o planejamento energético e elétrico do Brasil com lucidez, que analisam os números, resultados e benefícios sabem que a energia eólica é hoje um destaque entre as opções para se expandir a matriz, considerando sempre, claro, a importância de termos uma matriz diversificada.
O Brasil é abençoado por seus recursos renováveis e naturais e é com muito prazer que me dedico a promover um setor que não apenas transforma o vento em energia, mas que atua de forma a proteger nossos recursos naturais. Nós vivemos um momento fundamental na história mundial em que todos estamos sendo chamados à responsabilidade de defender o planeta. Sinto um profundo orgulho de atuar numa indústria que está contribuindo para lutar contra o aquecimento global. Este prêmio é obviamente uma grande conquista pessoal, mas é, acima de tudo uma prova do poder da força dos ventos brasileiros.
A entrega da premiação fez parte da programação do “CEM10/MI-4”, evento do Clean Energy Ministerial que reuniu ministros e diversas autoridades de mais de 25 países para discutir como acelerar o progresso em direção a um futuro de energia limpa. Como anfitrião deste ano, o Canadá destacou a liderança das mulheres, dos povos indígenas e da juventude no setor de energia.
Não resta dúvida de que ainda temos que batalhar muito para que mais mulheres atuem no setor eólico e elétrico, ocupando posições de destaque. Há quase vinte anos, quando comecei a atuar no setor elétrico, o número de mulheres era ainda mais reduzido do que hoje. Ao longo do tempo, e especialmente nos últimos anos, venho vivenciando o encontro com cada vez mais mulheres nas reuniões e eventos. É, no entanto, necessário seguir adiante na luta por uma participação maior das mulheres no setor porque a representatividade ainda está longe de estar mais próxima da igualdade. Foi, portanto, com muito orgulho que recebi esta premiação, convicta também da minha responsabilidade não apenas porque sou exemplo e líder, mas porque tenho como missão incentivar cada vez mais mulheres a se dedicarem ao setor.
Elbia Gannoum
Presidente da ABEEólica