O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, e a organização britânica Ocean Energy Pathway dão início, nesta quarta-feira (13), à primeira formação conjunta, no Brasil, voltada à energia eólica offshore.
Oferecida na modalidade Educação à Distância (EAD), a formação será realizada de forma piloto e gratuita para o Rio Grande do Norte, com 60 participantes da FAETI – Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais do SENAI-RN – do CTGAS-ER, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). As aulas seguem até 26 de agosto.
“O objetivo é disseminar conhecimento sobre a indústria eólica offshore em regiões onde a qualificação sobre o tema será determinante para o desenvolvimento da fonte eólica em mar”, diz a diretora da Ocean Energy Pathway no Brasil, Julia Paletta.
A Formação Básica em Eólica Offshore, de acordo com a diretora, oferece uma visão abrangente da atividade, que vai desde os fundamentos básicos da tecnologia passando pelas etapas de desenvolvimento de parques eólicos, licenciamento ambiental, engajamento com as partes envolvidas, cadeia de suprimentos, engenharia e construção, O&M (Operação e manutenção), até a comercialização de energia e o descomissionamento de projetos.
“Os participantes sairão dessa imersão com o entendimento claro sobre a complexidade dessa indústria, os desafios a serem enfrentados, mas também sobre todas as oportunidades que as eólicas offshore podem proporcionar no contexto da transição energética e no desenvolvimento de uma indústria descarbonizada”, acrescenta.
Imagem mostra plataforma virtual que será utilizada no curso, com conteúdos em inglês e possibilidade de tradução para o público participante
Estratégia
Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER – principal centro de formação do SENAI no Brasil para energia eólica e Centro Nacional de Excelência para a formação profissional em hidrogênio verde – observa que o curso integra movimentos iniciais da instituição de olho na indústria offshore.
“Nós estamos falando de novos passos, e passos importantes, em que estamos trazendo essa formação em parceria com uma instituição internacional e, paralelamente a isso, construindo novas soluções para a formação de pessoas em tecnologias que vão se instalar no Brasil”, frisa ela.
Nessa oferta inicial com foco na educação, o conteúdo foi formatado pela Ocean Energy Pathway e será oferecido em inglês, com possibilidade de tradução para o público participante. “O curso foi oficialmente inserido na base de cursos do SENAI, com conteúdo programático, carga horária e requisitos pré-estabelecidos pelo parceiro”, detalha Vieira.
“Agora, vamos entregar a formação, fazendo o acompanhamento pedagógico de forma conjunta e com a perspectiva de avançar também em outras pautas e parcerias na área, com essa e outras instituições com as quais o SENAI está conectado”, complementa.
Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER: “Nós estamos falando de novos passos, e passos importantes, em que estamos trazendo essa formação em parceria com uma instituição internacional e, paralelamente a isso, construindo novas soluções para a formação de pessoas em tecnologias que vão se instalar no Brasil”
A indústria de energia eólica offshore já conta com parques em operação na Europa, nos Estados Unidos e na China. No Brasil, uma série de investimentos no setor foi sinalizada para as regiões Nordeste, Sul e Sudeste do país.
Há 104 projetos com processos de licenciamento abertos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para o mar dos estados do Rio Grande do Sul, Ceará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Piauí, Espírito Santo, Maranhão e Santa Catarina.
Uma “planta-piloto” que o SENAI-RN projetou para o Rio Grande do Norte foi o primeiro desses complexos a receber licença prévia. O projeto vai funcionar como Sítio de Testes para a realização de estudos e o desenvolvimento de tecnologias que ajudem a subsidiar investimentos do setor no Brasil.
Soluções
“Essa parceria com a Ocean Energy Pathway está inserida na nossa estratégia global com foco no ambiente brasileiro de geração de energia eólica offshore”, diz o diretor do SENAI-RN, do ISI-ER e da FAETI, Rodrigo Mello. “O SENAI do Rio Grande do Norte tem desenvolvido uma série de soluções voltadas a esta nova fronteira energética no país, o que inclui desde a geração de dados para a tomada de decisão dos investidores e diversos projetos de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação, resultando em novas tecnologias, produtos, processos tecnológicos e respostas para as empresas”, observa ele.
Rodrigo Mello, diretor regional do SENAI-RN: Parceria com a Ocean Energy Pathway está inserida na estratégia global da instituição com foco no ambiente brasileiro de geração de energia eólica offshore
No campo da educação, o executivo frisa que soluções conjuntas com instituições nacionais e internacionais estão em discussão ou já em andamento para formar os profissionais que a atividade precisa. “Essa formação com a Ocean Energy Pathway é a primeira atividade concreta, mas muito ainda está por vir na educação profissional e no ensino superior, o que inclui o lançamento, ainda neste mês, da primeira pós-graduação do Brasil voltada à formação de especialistas para essa nova indústria”, complementa.
Com início previsto para 23 de janeiro de 2026, o curso de pós-graduação em energia eólica offshore será oferecido de forma presencial na sede da FAETI, em Natal, e terá duração de 14 meses. “A expectativa é repetir o sucesso que alcançamos no onshore – para a atividade de geração de energia eólica em terra – quando criamos, 15 anos atrás, a especialização que tem sido base para a formação de profissionais de nível técnico para essa cadeia produtiva”, diz Rodrigo Mello.
Julia Paletta, da OEP, analisa que o SENAI-RN tem pautado o desenvolvimento do setor eólico offshore no Brasil não só através do primeiro projeto piloto licenciado pelo Ibama mas também através do conhecimento que vem sendo desenvolvido pela instituição. “Dessa forma, foi muito natural começarmos a parceria pelo RN”, ressalta ela.
A ideia, de acordo com a diretora, é fazer esse primeiro piloto e entender a adequação de conteúdo e interesse do público sobre o setor de eólicas offshore. “Ainda não temos novas edições previstas, mas certamente gostaríamos de expandir a qualificação em outras regiões de interesse para a indústria eólica offshore e ampliar a colaboração com o SENAI”, diz Paletta.
Julia Paletta, da OEP: “Participantes sairão dessa imersão com o entendimento claro sobre a complexidade dessa indústria, os desafios a serem enfrentados, mas também sobre todas as oportunidades que as eólicas offshore podem proporcionar no contexto da transição energética e no desenvolvimento de uma indústria descarbonizada”
SAIBA MAIS – Sobre a Formação Básica em Eólica Offshore
O curso Formação Básica em Eólica Offshore, realizado em parceria com o CTGAS-ER, do SENAI-RN, contempla desde os fundamentos da energia eólica offshore até o desenvolvimento da atividade.
O módulo sobre fundamentos inclui contexto e terminologia, etapas do parque offshore, informações sobre componentes conectados, sobre o passado e o futuro do setor, além de conhecimentos sobre o processo de geração de energia – indo desde a direção do vento, até a captura desse recurso pela turbina eólica instalada no mar.
A parte de desenvolvimento, por sua vez, aborda desde questões ligadas ao meio ambiente e à seleção de local para instalação do empreendimento, passando pelo licenciamento ambiental, as partes interessadas, o projeto do empreendimento e a engenharia do projeto, desenvolvimento tecnológico e inovação, recursos humanos – no que diz respeito à saúde e segurança do trabalho, e a cargos e carreiras.
Legislação, diretrizes, políticas e regulamentação, cadeia de suprimentos e construção, questões comerciais e financeiras, além das etapas de operação, manutenção e descomissionamento, ou seja, o “fim da vida” do parque, também serão contempladas.
SOBRE A OCEAN ENERGY PATHWAY
A Ocean Energy Pathway (OEP) é uma organização com sede em Londres, no Reino Unido, que atua em diferentes regiões do mundo acelerando a energia eólica offshore de forma sustentável, com um olhar para a preservação dos oceanos. A instituição está presente em mercados como Brasil, Colômbia, México, Japão, Coreia do Sul, India, Filipinas, Austrália e Vietnã. A organização é sem fins lucrativos e fornece assistência técnica especializada e independente a governos e principais partes interessadas na chamada “economia azul”. A equipe traz experiência de altos níveis do governo, da indústria e da sociedade civil. Os trabalhos desenvolvidos têm o apoio da Ocean Resilience and Climate Alliance, um fundo de mais de US$ 250 milhões para oceanos sustentáveis.
SOBRE O SENAI
O SENAI é o maior complexo de educação profissional da América Latina e detentor da maior rede privada de Institutos de Tecnologia e Inovação para a indústria nessa região do mundo. No Rio Grande do Norte, engloba cinco Centros de Educação e Tecnologias: CET (Voltado ao setor da construção civil); CETCM (Voltado às indústrias de alimentos, vestuário e moda); CETIB (cursos diversos para a indústria, em Mossoró); CETAB (vestuário, construção e outros), e CTGAS-ER, principal referência do SENAI no Brasil para educação e serviços com foco nas indústrias de energias renováveis e do gás, além de centro de excelência para formação profissional em hidrogênio verde, em parceria com a Alemanha.
A atuação se dá ainda por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) – principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P&D) com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade – do Instituto SENAI de Tecnologias em Petróleo e Gás (IST-PG) e da FAETI (Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais).
Primeiro do Brasil a se tornar signatário do Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da Organização das Nações Unidas (ONU), o SENAI do Rio Grande do Norte tem a atuação alinhada a Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que buscam, de forma geral, acabar com a pobreza, reduzir desigualdades, fomentar a educação de qualidade e combater as mudanças climáticas no mundo.
Em 2024, a instituição recebeu o “Selo ODS Educação”- um reconhecimento nacional público pela formação das primeiras mulheres especialistas do Rio Grande do Norte em operação e manutenção de parques eólicos. No mesmo ano, foi homenageada pelo Programa Brasileiro de Eliminação dos HCFCs (PBH), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e implementado pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, pela importância dada às atividades educacionais para proteção da camada de ozônio.