Departamentos regionais do SENAI de cinco estados do Nordeste participam na próxima semana, em São Paulo, do Brazil Windpower – o maior evento de energia eólica da América Latina. Em um movimento inédito de integração regional, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco estarão juntos no estande da instituição para apresentar novas formações profissionais, tecnologias e soluções para a indústria eólica.
“O Nordeste é a principal região de produção de energia eólica do país e será, provavelmente, por causa do potencial, a principal região também da nova fronteira, no ambiente offshore”, diz Rodrigo Mello, diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) para energia eólica, solar e sustentabilidade.
“Considerando esse contexto, nada mais natural do que a participação integrada de estados que estão na principal zona de interesse dos investidores, somando competências únicas da região e potenciais importantes para atender a demanda industrial na área”, acrescenta.
Participação
O Brazil Windpower será realizado de 28 a 30 de outubro, no pavilhão de exposições São Paulo Expo. Os estados que estarão representados pelo SENAI nesta edição respondem por quase 90% da capacidade eólica onshore instalada no Brasil e, ao menos três – Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí – têm processos de licenciamento abertos no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para complexos offshore.
“O Rio Grande do Norte lidera projetos de PD&I e educação para o setor voltadas ao offshore, a Bahia tem se revezado com o RN como detentor da maior capacidade instalada do Brasil no onshore, o Ceará possui a principal fábrica de pás eólicas do país, Pernambuco tem uma capacidade especial nas áreas de TI (Tecnologia da Informação) e IA (Inteligência Artificial) e o Piauí tem sido uma fronteira importante de expansão para os parques eólicos, com uma capacidade em construção muito interessante”, descreve Mello.
Inovações
O estande do SENAI em que os cinco estados estarão reunidos poderá ser visitado na entrada do evento.
Entre as novidades nesta edição, estarão informações sobre a primeira pós-graduação do Brasil em energia eólica offshore, do SENAI-RN, e atualizações sobre a planta-piloto offshore da instituição – o primeiro projeto de energia eólica offshore do país a receber licença do Ibama.
Na área de educação, o Ceará divulgará, pela primeira vez, o curso de Reparo de pá eólica, no padrão internacional da Global Wind Organisation (GWO); o Piauí apresentará detalhes do primeiro Centro de Formação de Linheiros, para a formação de profissionais com foco em “montagem de torres de transmissão” e, a partir de 2026, também de “lançadores de linha”.
A Bahia levará programas de capacitação alinhados às novas exigências do setor eólico, soluções tecnológicas em realidade virtual e serviços de pesquisa aplicada que apoiem a evolução do setor. Pernambuco, por sua vez, focará em projetos de inovação com aplicação de tecnologias como IA e digital twin (gêmeos digitais, drones customizados, sensoriamento remoto, processamento de imagem, integração energética com implantação de plantas de hidrogênio sustentável ou sistemas BESS (Battery Energy Storage System) para uso do excedente de energia.
Departamentos regionais expandem atuação voltada ao setor e expõem, no evento, novas formações profissionais e tecnologias para a indústria
Atividades do SENAI com foco na indústria eólica são registradas no Brasil há pelo menos 17 anos e vêm se expandindo no Nordeste do país.
No Brazil Windpower, novas formações profissionais e tecnologias para a indústria – presentes na região – serão os destaques no portfólio.
Rio Grande do Norte


Rodrigo Mello, diretor regional do SENAI-RN: Pós-graduação pioneira em energia eólica offshore e atualizações sobre planta-piloto offshore da instituição serão apresentadas no evento
No caso do SENAI do Rio Grande do Norte, a primeira especialização do Brasil em energia eólica offshore e a expansão da oferta de treinamentos na área de segurança para o trabalho estarão entre as principais apostas.
A atuação da instituição junto ao setor começou em 2008, período em que o país se preparava para o primeiro leilão de energia eólica – o nascimento, de fato, da indústria.
Inicialmente voltado à capacitação de pessoal de nível técnico para os parques eólicos que começavam a surgir regionalmente, o trabalho no estado se expandiu e hoje incorpora também a prestação de serviços como calibração de anemômetros de copo, projetos de PD&I para os ambientes onshore e offshore, além da oferta de ensino superior, com cursos de Engenharia e pós-graduação.
A especialização lato sensu em energia eólica offshore, o mais recente deles, foi lançada este ano e está com inscrições abertas no site da FAETI, Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais da instituição (https://faeti.rn.senai.br/). A ideia, observa Mello, “é multiplicar, para mais profissionais, o conhecimento embarcado no SENAI e no mercado sobre essa indústria”.
“Nós, do SENAI-RN, estamos mergulhados nessa nova fronteira energética desde 2012, quando começamos a fazer estudos relacionados ao offshore e, desde então, lideramos diversas iniciativas que trouxeram uma grande evolução no desenvolvimento de soluções tecnológicas de medição de potencial, de avaliação de áreas, além de equipamentos de última geração para essa indústria”, diz ele.
“Agora, essa estratégia passa a incorporar também a formação de especialistas para dar vazão ao desenvolvimento da atividade no país, assim como lá atrás fizemos para o setor onshore”, complementa o diretor.


Amora Vieira, diretora do CTGAS-ER, do SENAI-RN: participação no evento busca reforçar a imagem do SENAI como instituição que entrega soluções e tem articulações estratégicas no mercado
Este será o terceiro ano seguido do SENAI-RN como expositor e participante nos principais fóruns de discussão do Brazil Windpower. Amora Vieira, diretora do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) – centro de formação profissional da instituição para a atividade eólica – frisa que a participação no evento busca reforçar a imagem do SENAI como instituição que entrega soluções e tem articulações estratégicas com empresas da atividade para impulsionar não só a indústria, mas também homens e mulheres nas comunidades que estão no entorno dos empreendimentos.
“O nosso entendimento é de que, havendo articulação, estando todo mundo engajado para viabilizar a formação profissional, seja de forma presencial, seja semipresencial ou à distância, a sociedade e a atividade ganham”, frisa ela.
Exemplos de projetos na área serão apresentados no dia 28, na arena “Wind Talks” do Brazil Windpower, durante o painel “Parcerias Estratégicas como Caminho para a Formação Profissional na Indústria Eólica”. A discussão deverá reunir representantes do SENAI-RN, do SENAI Bahia, do SENAI Nacional e da Vestas, maior fabricante de aerogeradores do mundo e líder global em soluções para o setor de energias renováveis.
A programação do evento terá a participação do SENAI-RN, ainda, em outros quatro painéis, distribuídos entre as arenas Onshore, Offshore e O&M: “A Indústria da Inovação: Caminhos para Transformar e Explorar o Conhecimento em Energia Renovável”, no dia 28; “Transferência de Conhecimentos e os Projetos Piloto em Desenvolvimento”, no dia 29, “Desenvolvimento Profissional e Capacitação: Setor Eólico Brasileiro” e “Ruído em Parques Eólicos: Normas, Padrões Técnicos e Boas Práticas”, no dia 30.
“O Brazil Windpower é o principal evento da América Latina para o setor eólico e o SENAI, como principal ator na área de formação profissional e importante player, nacionalmente, em PD&I, tem que estar junto com seus clientes e parceiros. É o momento de se encontrar, de trocar experiências e tratar de expansão dos negócios”, diz Rodrigo Mello.
Bahia


Evandro Mazo, diretor regional do SENAI Bahia: Instituição levará programas de capacitação alinhados às novas exigências do setor eólico, soluções tecnológicas em realidade virtual e serviços de pesquisa aplicada
O diretor regional do SENAI Bahia, Evandro Mazo, analisa que “o evento deve reforçar a importância da presença territorial do SENAI nas regiões com maior potencial eólico, incentivando a criação ou fortalecimento de unidades de formação com foco em energia renovável”. Outro desdobramento possível que aponta é a ampliação da oferta de cursos voltados à qualificação de mão de obra local, promovendo o desenvolvimento regional sustentável.
Hoje, na Bahia, o SENAI oferece qualificação e aperfeiçoamento profissional para ocupações como “Montador e Mantenedor de Aerogeradores”, “Técnico em Manutenção de Sistemas Eólicos”, “Operador de Sistemas de Geração de Energia Renovável”, além de cursos técnicos e formações sob demanda para empresas, customizadas conforme as tecnologias e equipamentos utilizados nos parques eólicos.
O SENAI também atua no estado em projetos de PD&I aplicados ao setor eólico, por meio do SENAI CIMATEC (Centro Integrado de Manufatura e Tecnologia) e do ITED (Unidade de Inovação e Tecnologias Educacionais).
“A presença regional do SENAI no evento é de grande importância estratégica, pois evidencia o protagonismo dessas regiões na transição energética brasileira e no desenvolvimento da cadeia produtiva do setor eólico”, diz Mazo. “Com sua capilaridade e expertise em educação profissional, inovação e tecnologia industrial, o SENAI pode atuar como um elo fundamental entre as demandas locais da indústria e a formação de mão de obra qualificada, além de contribuir para o desenvolvimento de soluções tecnológicas adaptadas às realidades regionais”, acrescenta ele.
Estar presente no evento, segundo o diretor, fortalece o papel da instituição como parceira estratégica para impulsionar o crescimento sustentável da energia eólica, fomentar a inovação e apoiar a criação de novos polos industriais e tecnológicos ligados à geração renovável, tanto onshore quanto offshore.
Ceará


Paulo André Holanda, diretor regional do SENAI Ceará: Instituição vai anunciar, no evento, primeira turma semi-presencial do curso de Reparo de Pá Eólica, no padrão internacional da GWO
No estado do Ceará, atendimentos às empresas do setor eólico são registrados desde 2017 e atravessam um momento também de expansão. “Em março do ano passado, inauguramos o Centro de Excelência para Transição Energética Prof. Jurandir Picanço, equipado com laboratórios didáticos de hidrogênio, energia solar e distribuição de energia. Um dos grandes destaques são os laboratórios de energia eólica, onde, em parceria com a fabricante Aeris, implantamos um laboratório de Reparo de Pás. Além disso, em colaboração com a Maersk Training, passamos a oferecer, dentro dos padrões internacionais da GWO, os cursos Basic Technical Training e Basic Safety Training”, detalha o diretor regional do SENAI Ceará, Paulo André Holanda.
No que se refere à consultoria e inovação, em 2016, a instituição lançou, em parceria com o Observatório da Indústria, o primeiro atlas interativo eólico e solar do estado, apresentando aos investidores o potencial cearense na área. “Além disso, por meio do nosso Instituto SENAI de Tecnologia, atendemos às fabricantes de aerogeradores com serviços de metrologia, estamos com um projeto de P&D (Pesquisa & Desenvolvimento) para desenvolvimento de um aerogerador de eixo vertical e com negociações avançadas para projetos de inovação na área de eólica offshore”, acrescenta.
No Brazil Windpower, a instituição vai anunciar a primeira turma semi-presencial do curso de Reparo de Pá Eólica, no padrão internacional da GWO. “Diante do crescimento da demanda por manutenção dos parques eólicos, também iremos divulgar nosso portfólio de consultorias em energia, automação e metalmecânica”, antecipa o diretor. O início da estruturação do Instituto SENAI de Inovação do Ceará será outra novidade apresentada no evento.
A presença unificada dos regionais Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Piauí na feira, frisa Holanda, fortalece a atuação da rede SENAI, posicionando o SENAI como parceiro estratégico na transição energética.
Piauí


Roger Jacob, diretor regional do SENAI Piauí: Centro de Formação de Linheiros, em parceria com a Elecnor, será um dos destaques da instituição
No Piauí, o SENAI atuou na formação de mão de obra para construção de parques eólicos e, conjuntamente com o SENAI-RN, atende a necessidades específicas do setor, em rede. Outra investida da instituição está voltada à área de linhas de transmissão, estratégica para as energias renováveis, diz o diretor regional do SENAI Piauí, Roger Jacob.
Na cidade de Piripiri, distante cerca de 164 km da capital, Teresina, o SENAI Piauí inaugurou o primeiro Centro de Formação de Linheiros, em parceria com a Elecnor. Segundo Jacob, a 3ª turma para formação de montadores de torres de transmissão está em andamento e o início das turmas de lançador de linha está previsto para 2026.
“O Ministério de Minas e Energia (MME) prevê a necessidade de 16 mil linheiros e 5 mil eletricistas de subestação para atender às obras vinculadas ao leilão de linhas de 23 e 24”, observa o diretor, acrescentando que “o Centro de Formação de Linheiros pretende ser um centro de excelência na área de energia, com tratativas avançadas com outros atores desse setor”.
A presença regional no Brazil Windpower deste ano, na visão dele, “demonstra a coesão do SENAI no Nordeste, com todos os Regionais unidos no propósito de apoiar esse setor em seus desafios”. “Esperamos, durante o evento, o estreitamento de relações com o setor, especialmente as empresas que estão e virão a se instalar no estado”, diz Jacob.
“O estado do Piauí é o 3º maior gerador eólico do país e também é o 3º estado com maior potência outorgada para instalação, atrás da Bahia e Rio Grande do Norte, assim, é parte da missão do SENAI se aproximar e aprimorar seu atendimento ao setor no estado”.
Pernambuco


Camila Barreto, diretora regional do SENAI Pernambuco: Instituição focará em projetos de inovação com aplicação de tecnologias como IA e digital twin
Em Pernambuco, desde 2012, o Senai Araripina tem atuado de forma estratégica junto ao setor eólico no estado, especialmente no atendimento às empresas envolvidas na construção e operação dos parques eólicos.
“A atuação começou com treinamentos voltados à construção das bases das torres, por meio de cursos como Armador de ferragens, básico de Construção Civil, Carpintaria e Assistente administrativo”, diz a diretora regional do SENAI-PE, Camila Barreto.
“Com o crescimento do setor, o SENAI passou a oferecer formações técnicas altamente demandadas, como Técnico em Eletromecânica, Técnico em Eletrotécnica e Técnico em Segurança do Trabalho”, acrescenta.
Balanço divulgado pela instituição no estado mostra que, no acumulado desse período, até o início de outubro, foram treinadas cerca de 3 mil pessoas para atuação na cadeia produtiva da energia eólica na região. “Além dos atendimentos na área de educação, também foram realizados serviços de Metrologia e Consultoria em Parques instalados na Região do Sertão de Pernambuco”, observa Barreto.
Segundo ela, entre os resultados esperados com o Brazil Windpower estão negociações de possíveis projetos e serviços para empresas que já possuem parques em operação, projetos de ampliação de novos parques ou pretendem instalar sistemas de armazenamento de energia via hidrogênio ou BESS (Battery Energy Storage System) nesses empreendimentos.
“O SENAI é uma instituição que acompanha e apoia a implantação de parques eólicos. Em nosso portfólio temos diversos serviços e produtos que atendem as necessidades do setor, a exemplo do PEPE (Plataforma Energética de Pernambuco). A presença em um evento desse porte ajuda a demonstrar a nossa importância como parceiro fundamental para a expansão de novos parques na região Nordeste”, ressalta a diretora.

