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13 de dezembro de 2016 Agência ABEEólica

Rogério Zampronha, da Vestas: A importância do potencial eólico para a matriz energética brasileira

A energia, ou sua escassez, já é um problema conhecido do Brasil. Esse cenário pode melhorar, mas precisamos saber lidar com grandes desafios, como os entraves para a ampliação de uma matriz mais verde. A diversificação energética é ainda mais importante se considerarmos que a demanda no País irá triplicar até 2050, segundo previsão da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

As usinas hidrelétricas produzem 61% da energia no Brasil. Por um lado, isso é positivo, pois é uma fonte limpa e barata, mas também resulta em uma dependência perigosa, com consequências vivenciadas em 2014 e 2015, quando diante das secas que deixaram o País em estado de alerta para apagões, foi obrigado a colocar em funcionamento as termoelétricas, com a produção de energia mais cara e suja.

O nosso País tem vocações ainda pouco exploradas. Com um dos melhores ventos do mundo, o Brasil tem possibilidades concretas de ampliar seu parque eólico, contribuindo, para que o gargalo de energia seja solucionado a tempo de evitar colapsos atuais e futuros. Além da indiscutível vocação sustentável, a energia eólica também é vantajosa em termos financeiros.

Das três principais fontes renováveis – vento, sol e biomassa – a eólica é a que apresenta menor custo, com cerca de R$ 200 por megawatt (MW). Em termos de comparação, a energia gerada por grandes centrais hidroelétricas é de R$ 115. E quando é preciso usar as termoelétricas, o valor sobe para R$ 300.

Quarenta porcento do consumo de energia do Nordeste no dia 22 de junho veio de fonte eólica, significando um novo recorde para esse tipo de geração. O resultado é ainda mais expressivo se considerarmos a baixa dos reservatórios por conta de chuvas escassas nos últimos três anos, que poderia comprometer o abastecimento.

A iniciativa privada já está atenta às inegáveis vantagens oferecidas pelos ventos. Temos no Brasil empresas que buscam a autossuficiência energética com a construção de seus próprios parques eólicos. Além de diminuírem consideravelmente o impacto no meio ambiente, podem garantir o funcionamento de suas plantas em casos de racionamento ou apagões e, ainda reduzem sobremaneira os gastos com energia.

As perspectivas para o setor são animadoras. Estimativas apontam que as instalações eólicas no Brasil representarão 47 gigawatts (GW) em 2040. Atualmente estamos com 10 GW. Mas, para que possamos seguir em frente, é necessário ultrapassarmos obstáculos relevantes.

Atualmente, os principais gargalos do setor são a escassez e as deficiências das linhas de transmissão, que ligam a energia produzida pelos ventos ao Sistema Interligado Nacional. As linhas existentes não comportam a previsão de crescimento do setor e os projetos em construção estão atrasados.

A ampliação dos investimentos em infraestrutura é essencial e também é a única saída para que o Brasil possa honrar seu compromisso – assumido na COP 21 – de assegurar 23% de energia renovável na matriz energética até 2030.

Rogério Sekeff Zampronha é economista e presidente no Brasil da Vestas

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