O Global Wind Energy Council (GWEC) divulgou nesta quarta-feira (23) o GLOBAL WIND REPORT 2025, um relatório detalhado do setor eólico global, que traz dados importantes para o Brasil. O país subiu uma posição e alcançou o 5º lugar no Ranking de Capacidade Total Instalada de Energia Eólica Onshore em 2024. Considerando apenas as novas instalações, o país também se posicionou em 5º lugar em 2024 com 3,27 GW em capacidade adicionada, caindo duas posições em relação a 2023 – ficando atrás da Índia (3,4 GW) e da Alemanha (3,29 GW). Veja, abaixo, os dados de Capacidade Total Instalada de Energia Eólica dos dez primeiros países segundo o Ranking Mundial do GWEC:
RANKING GWEC 2024 – CAPACIDADE TOTAL INSTALADA ONSHORE
Posição | País | Capacidade total instalada onshore (GW) |
1 | China | 478,8 |
2 | USA | 154, 1 |
3 | Alemanha | 63,7 |
4 | India | 48,2 |
5 | Brasil | 33,7 |
6 | Espanha | 31,3 |
7 | França | 23,1 |
8 | Canadá | 18,3 |
9 | Suécia | 17,2 |
10 | Reino Unido | 15,6 |
Fonte: GLOBAL WIND REPORT 2025, GWEC
Brasil – O relatório traz, ainda, o panorama recente da indústria eólica brasileira, que viveu um período recorde de novas instalações de parques eólicos onshore entre 2021 e 2023. Esse forte crescimento foi impulsionado principalmente pelo mercado livre, por meio de contratos de compra e venda de energia (PPAs) privados. Já era esperado que novas instalações desacelerassem em 2024, devido aos cortes de geração de energia renováveis, cancelamento de leilões e outros entraves regulatórios.
Destaques do Brasil no Global Wind Report 2025:
Avanços Legislativos
– Aprovado em janeiro de 2025, o marco legal da energia eólica offshore (Lei nº 15.097/2025) regulamenta o uso de ativos federais em áreas marinhas destinadas à geração de energia. O Brasil tem potencial técnico estimado em 1.200 GW para a geração eólica offshore, e a expectativa é que o primeiro leilão de áreas aconteça ainda em 2025, impulsionando novas indústrias, como a produção de hidrogênio verde e a instalação de data centers.
– O Brasil estabeleceu o marco legal para o hidrogênio de baixo carbono em 2024, sob a Política Nacional de Hidrogênio de Baixo Carbono e o Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixo Carbono – que indica diretrizes para a produção, uso e comercialização do hidrogênio proveniente de fontes renováveis, promovendo a descarbonização e apoiando as metas climáticas do Brasil- A regulamentação do mercado de carbono nacional, em dezembro de 2024, através da criação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) representa um avanço significativo na política ambiental do país, criando oportunidades e desafios para o setor produtivo.
– Medidas do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC) ajudaram a reduzir juros e facilitar o acesso a crédito para projetos de energia limpa.
Cadeia de Suprimentos e Investimentos
– Apesar de desafios econômicos, houve avanços na cadeia produtiva. A fabricante chinesa Goldwind abriu sua primeira fábrica fora da China no Brasil.
– A Vestas investiu R$ 130 milhões em uma nova planta no Ceará para fabricar turbinas V163-4.5MW.
– Empresas como HINE do Brasil expandiram sua infraestrutura para atender à crescente demanda por componentes eólicos.
Uma perspectiva Global sobre o Brasil
Com grande potencial de geração, ambiente regulatório em evolução e investimentos crescentes, o Brasil se posiciona como um dos mercados mais importantes para energia eólica no mundo, desempenhando papel fundamental na transição energética global rumo a uma economia de baixo carbono.
“O relatório trouxe vitórias importantes em 2024 como a regulamentação da Eólicas Offshore, o marco regulatório de hidrogênio e do Mercado de Carbono. Apesar da crise na indústria eólica que o Brasil enfrenta, conseguimos ainda crescer no ranking e ocupar a 5ª posição global. Porém, como se trata de uma indústria de infraestrutura, o próximo relatório deve refletir os impactos no setor de forma mais acentuada e veremos também uma retomada, nos próximos anos, se o país fizer o dever de casa”, explica Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica e vice-presidente do Conselho do GWEC.
Dados Globais
- Indústria eólica instala recorde de 117 GW de nova capacidade globalmente em 2024
- GWEC prevê quase 1TW de instalações adicionais até 2030
- Indústria eólica clama por estabilidade política, licenciamento mais eficiente e melhoria nos leilões
O Relatório mostra que 2024 foi um ano recorde para nova capacidade, com 117 GW de energia eólica instalada em todo o mundo. No entanto, o GWEC alertou para o aumento da instabilidade política em alguns mercados e apontou a necessidade de melhorar os mecanismos de licenciamento, transmissão de rede e leilão para acompanhar a tendência global de eletrificação, cumprir as metas energéticas e climáticas dos países e diminuir a dependência aos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo em que cumpre as ambições globalmente acordadas de triplicar a capacidade de energia renovável até 2030.
O GWEC salientou que, embora 2024 tenha sido outro ano recorde para as instalações eólicas, os números principais mascaram grandes disparidades em termos do ritmo de implantação nos mercados globais, com a maior parte das instalações ocorrendo em um pequeno número de mercados maduros-chave, incluindo a China e a Europa.
“Mais uma vez, a indústria eólica quebrou novos recordes de instalação, apesar dos ventos macroeconômicos contrários mais desafiadores nos últimos anos”, disse Ben Backwell, CEO da GWEC. “Embora a energia eólica
continue a impulsionar o investimento e o emprego, a melhorar a segurança energética e a baixar os custos para o consumidor, estamos assistindo um ambiente político mais volátil em algumas partes do mundo, incluindo ataques ideologicamente motivados à energia eólica e às energias renováveis e a paralisação de projetos em construção, ameaçando a certeza do investimento.”
Ele acrescentou que “a agressiva instigação de guerras tarifárias aumenta ainda mais a incerteza nas decisões de investimento internacional e ameaça perturbar as cadeias de abastecimento internacionais das quais a indústria eólica depende. Os custos totais para a nossa indústria da vasta gama de tarifas declaradas e ameaçadas que temos visto – tanto gerais como sobre commodities específicas como o aço – ainda não foram totalmente calculados.”
Backwell disse ainda: “É de vital importância que os decisores políticos de todo o mundo não percam de vista o prêmio, garantam estruturas de mercado estáveis e previsíveis, trabalhem em estruturas multilaterais para garantir um comércio livre e justo e trabalhem com investidores e a indústria para permitir a rápida implantação de energia eólica limpa e eficiente para apoiar o crescimento econômico, a resiliência e a prosperidade.”
Destaques
O crescimento do ano passado – 109 GW de novas instalações de energia eólica onshore e 8 GW de energia eólica offshore – eleva a capacidade cumulativa global de energia eólica para 1.136 GW, distribuídos por todos os continentes, com 55 países instalando turbinas eólicas.
Em 2024, a China liderou o caminho para novas instalações à frente dos EUA, seguidos pela Alemanha e Índia, respectivamente, com o Brasil completando o Top 5. Esses mesmos cinco mercados constituem agora os cinco primeiros em instalações totais, no final de 2024, com o Brasil ultrapassando a Espanha.
Houve um crescimento recorde em outras regiões. A região Ásia-Pacífico registrou uma taxa de crescimento anual de 7%, enquanto a África e o Oriente Médio registraram uma taxa de crescimento anual de 107%, graças ao Egito, que instalou 794 MW, e à Arábia Saudita, com 390 MW. A América do Norte, a América Latina e a Europa registaram um declínio nas novas instalações em comparação com 2023.
O relatório prevê uma taxa de crescimento anual composta de 8,8% para a indústria eólica, o que significa mais 981 GW de capacidade de energia eólica em todo o mundo até 2030. O serviço de Inteligência de Mercado do GWEC prevê anos recordes consecutivos até 2030, com 138 GW de nova capacidade em 2025, 140 GW em 2026, 160 GW em 2027, 167GW em 2028 e um salto em 2029 e 2030 para 183 GW e 194 GW, respectivamente.
O ano passado registrou que o volume total de energia eólica onshore concedido em leilões e outros mecanismos de aquisição dobrou em relação ao ano anterior (excluindo a China). Na Europa, o volume total de energia eólica onshore viabilizado atingiu 17 GW, 24% superior a 2023. Este crescimento foi impulsionado, principalmente, pela Alemanha, que concedeu 11 GW em capacidade eólica onshore, o que representa 72% (ou 4,6 GW) a mais do que no ano anterior.
Para o GWEC, esses números são globalmente significativos, mas as instalações poderiam acelerar ainda mais com as estruturas políticas certas, especialmente através da melhoria do licenciamento e melhores estruturas de leilão que reduzam o risco do investidor com instrumentos como os CfDs de dupla face.
A chave para essa previsão é a energia eólica offshore, destacada por um ano recorde para os leilões em 2024. Um total de 56,3 GW de capacidade eólica offshore foi concedido em todo o mundo no ano passado. A Europa liderou o caminho, com 23,2 GW viabilizado e 17,4 GW na China. Uma nova onda de mercados também teve anos marcantes, com a Coreia do Sul viabilizando 3,3 GW, Taiwan (China) 2,7 GW e o Japão 1,4 GW.
A previsão do GWEC para 2025-2030 é de que a energia eólica offshore aumente de 16 GW em 2025 para 34 GW em 2030, passando de 11,8% da nova capacidade para 17,5% da nova capacidade até o final da década.
Girish Tanti, Vice-CEO do Grupo Suzlon e Vice-Presidente do GWEC, disse: “2030 está se aproximando e a nossa meta para “3x Renováveis” precisa da nossa atenção. Estou muito satisfeito por ver que o Global Wind Report 2025 do GWEC descreve o roteiro crítico necessário para que a indústria eólica global colabore e garanta que a energia eólica desempenhe um papel fundamental na transição energética global”.
Tanti acrescenta ainda que “a energia eólica está entre as fontes de energia mais baratas do mundo e é uma das duas fontes de energia renovável que representam 95% de todo o crescimento global da capacidade renovável nesta década. Pode oferecer energia de alta qualidade aos consumidores com uma forte carga base e garantir a estabilidade da rede. Sem dúvida, a energia eólica permite-nos aliar a viabilidade econômica ao nosso propósito climático. Triplicar as energias renováveis e eliminar gradualmente os combustíveis fósseis são as soluções mais viáveis para combater as alterações climáticas, mas devemos agir agora. Não há Planeta B e é nossa responsabilidade proteger os mais afetados pelos perigos do aquecimento global.”
O Relatório Global Eólico deste ano se concentra em quatro desafios principais que o mercado enfrenta: obstáculos financeiros e macroeconômicos, barreiras comerciais e fragmentação de mercado, estruturas inadequadas de aquisição e leilão e condições de investimento desafiadoras na cadeia de abastecimento global de energia eólica.
Olhando para além do aumento marginal em relação ao ano passado, este relatório conta a história de uma indústria que se expande cada vez mais para novas regiões, o surgimento de novos redutos de energia eólica e uma tecnologia que capitaliza a crescente demanda por um fornecimento seguro de eletricidade limpa num mundo cada vez mais volátil.
Informações úteis do GWEC:
- Confira aqui o release do GWEC sobre o GLOBAL WIND REPORT 2025
- Faça aqui o download do GLOBAL WIND REPORT 2025
Sobre GWEC
O GWEC é uma organização baseada em membros que representa todo o setor de energia eólica. Os membros do GWEC representam mais de 1.500 empresas, organizações e instituições em mais de 80 países, incluindo fabricantes, desenvolvedores, fornecedores de componentes, institutos de pesquisa, associações nacionais de energia eólica e renovável, fornecedores de eletricidade, empresas financeiras e de seguros.
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Dados divulgados hoje no Global Wind Report 2025 do GWEC mostram que o Brasil registrou 3,27 GW em novas instalações eólicas em 2024, subindo uma posição no ranking mundial, ultrapassando a Espanha e posicionando-se atrás da Índia. O relatório menciona os desafios enfrentados pelo país com os cortes de geração e a expectativa para a COP30 no Pará. Globalmente, a indústria eólica alcançou um novo recorde com a instalação de 117 GW (onshore e offshore) em nova capacidade no ano de 2024, totalizando 1.136 GW de capacidade instalada no mundo